terça-feira, 15 de julho de 2008

Eu nada posso fazer.

Tens um ar triste, um ar desamparado, um ar gasto, um ar desesperado.
Não reconheço mais em ti o homem que outra hora foste.
Nunca te vi chorar, só gritar…
Agora choras como uma criança e partes-me o coração, nunca me deste um carinho e agora abraças-me em desespero. Porque??
Porque é que as pessoas só vêm o mal que fazem ou que fizeram quando já é tarde de mais, quando já não se pode voltar atrás, quando já nada tem conserto.
O medo que eu outrora tive, agora transforma-se em pena, pena, que raio de sentimento mais estúpido e inútil de se sentir… mas é isso que sinto…
talvez não seja só pena pelo que tu foste, mas pena pelo que eu também não te soube ensinar… Hoje sou adulta, já não tenho o medo que me assombrava enquanto fui criança, hoje sei que tu já nada podes, que já nada temo.
Antes não era o respeito que me impedia de te falar, mas sim o medo da tua reacção as verdades que merecias ouvir….
Se pudesse voltar atrás e dizer-te tudo o que te digo agora tê-lo-ia feito, teria mesmo, pois acho que se o tivesse feito teria evitado tanta tristeza.
O sentimento de impotência continua, pois se antes não podia fazer nada porque era criança, hoje apesar de adulta, devido às circunstâncias nada posso fazer, porque não está nas minhas mãos mudar os feitios das pessoas.
Agora nada posso fazer, mesmo que eu queira que as coisas fossem diferentes, nada posso fazer. Gostava que tivesses sido uma pessoa diferente, como eu gostava.
Mas também não te culpo porque se não te ensinaram a amar, se anteriormente também se esqueceram de te amar, como podes tu saber como amar.
Sei que à tua maneira, o fazes.
Estranha maneira... deixa que eu te diga…
Gostava de ter feito tanta coisa contigo de ter tido tantas conversas…de poder ter contado contigo para tanta coisa… Sei que não devia gastar energias com coisas que não me levam a lado nenhum…
Mas eu sou assim, sofro por te ver sofrer apesar de achar que só estás a colher o que plantaste no passado…
Tudo na vida tem um retorno, e às vezes chega quando pensamos que já não chegaria…
Hoje sofres em silêncio, sofres com a solidão tudo o que fizeste sofrer a todos nós.
As crianças não esquecem, nunca esquecem, nada, nem as palavras nem os actos, e pior que não esquecer é não compreender o porquê, então gravam as imagens somente.
E isso fica como companhia para toda uma vida, são marcas que nem o tempo apaga.
Como os adultos são tão estúpidos quando pensam “são crianças não entendem e amanhã já se esqueceram” Hoje somente te posso dar o meu ombro para chorares, não posso consertar o passado.
Hoje somente te posso dizer que já te perdoei tudo, apesar de não me o pedires.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Borboleta