Quando falamos em arte contemporânea associamos, ou pelo menos eu associava à pintura, à escultura e ao ballet clássico…
Ok… Confesso que nesta área sou um pouco inculta, mas estamos sempre a tempo de apreender.
Na formação que frequento e em contexto de aprendizagem, o nosso formador decidiu dar uma aula diferente e levou-nos a conhecer um projecto desenvolvido por uma associação da zona, a Transforma AC, uma associação sem fins lucrativos, ligada à cultura e a arte de forma a ajudarem pessoas a desenvolverem projectos artísticos.
O objectivo era dar-nos a conhecer a arte em contexto de sociedade e a desmistificar algumas dúvidas e a esclarecer outras em relação ao que pensávamos e sabíamos sobre a arte contemporânea.
Após nos terem apresentado a empresa e os objectivos da mesma, foi nos dado a conhecer dois projectos desenvolvidos na zona de torres Vedras.
O primeiro trabalho que vimos foi realizado por Michael Pinsky. Este artista ao passear pela cidade de Torres Vedras verificou a diversidade de azulejos que decoram as paredes dos edifícios que por aqui se erguem, uns mais antigos e outros mais recentes. E resolveu elaborar um projecto ao qual chamou de Horror Vacui (horror ao vazio), e neste projecto decidiu criar novos azulejos sobrepondo imagens de uns e de outros até formar um novo azulejo. Depois reproduziu as suas criações em forma de azulejo gigante e convidou as pessoas da zona a virem montar o azulejo, como se fosse um puzzle. Desta forma conseguiu unir a arte com a sociedade, levando a participação de todos.
Um outro projecto que vimos foi uma curta-metragem que relacionava o crime com o facto de Portugal fazer parte da União Europeia levando a pensar nos prós e contras que isso reflecte na nossa sociedade.
Ambos os projectos que vimos, como outros que abordamos, pudemos verificar e desmistificar que a arte e o artista não são só os pintores e os escultores que se isolam no seu espaço e que tem as suas ideias isoladas e egoístas. Mas a Arte é também envolver as pessoas, criar espaços e renovar outros, englobar as pessoas e as regiões na criação da mesma.
É com esta junção de pessoas, sociedade e arte que podemos obter uma maior harmonia e proximidade entre a arte e o artista. E por vezes conseguir até mudar personalidades e mentes de uma região.
O problema na minha opinião é que Portugal ainda é um país de mentalidades fechadas para as questões relacionadas com a arte, as pessoas ainda olham os artistas como pessoas desocupadas que se dedicam a rabiscar coisas que ninguém entende e que ainda por cima ganham dinheiro às custas disso… Ainda pensam que o dinheiro que o estado dispensa com a Arte e Cultura é dinheiro mal gasto…
Ainda estamos a anos-luz de pensar ou de considerar em encontrar na arte uma forma de ajudar e proporcionar a sociedade melhorias em diversos campos.
Mas também existem “artistas” que julgam que estão a produzir arte, ou nomeiam o seu trabalho de arte, quando na realidade e na minha opinião o trabalho realizado por eles são tudo menos arte, porque roçam a crueldade humana.
Falo isto relembrando o caso do “artista” Guillermo Vargas Habacuc, um “artista” da Costa Rica que amarrou um cão abandonado no interior da Bienal Centro americana de Arte, deixando-o morrer à fome e sede, e chamando a isto a “arte do futuro”. Isto na minha opinião não é arte nem do futuro nem do presente, isto é usar a arte e fazer em nome da arte o que bem quer e entende…
Sem comentários:
Enviar um comentário
Borboleta