Respiro fundo… Bem fundo… Hoje sinto-me livre, somente hoje e neste instante. Somente hoje porque o amanhã eu não conheço, e não sei se me voltara a aprisionar. Sinto o cheiro do mar a invadir os meus pulmões, o vento a brincar com o meu cabelo. A agua a gelar os meus pés, tenho frio, mas não me importo, porque aqui a beira-mar me sinto livre. Penso em tudo o que deixo, e sinto que não deixo nada, afinal tudo se resume a está mala comigo trago, tantos anos resumidos a uma mala, incrível não é? Como um passado cabe aqui dentro, chego a conclusão que afinal não havia nada importante a acompanhar-me este tempo todo, e isso faz-me sentir só, extremamente só. Tento alcançar um raio de sol, mas hoje sei que ele não vai brilhar. Hoje o tempo está como eu gosto, cinzento, soprando uma brisa forte que me faz sonhar, sonhar que me vai levar para outro lugar. Para onde não sei ainda, não tive tempo de pensar para onde me irei levar, estive demasiado ocupada a pensar em como me sinto bem assim livre. A alma quase me parece sair do corpo para com o vento dançar… Quem sabe se um navio aqui atracar eu não embarcarei numa viagem. Ou quem sabe não poderei voar nas asas de um pássaro qualquer. Por enquanto deixo-me bailar ao som do vento, deixo a agua lavar o meu pensamento. Por enquanto vou aqui ficar e sonhar que sou livre. Sonhar que sou vento, que sou areia, que sou o mar, que sou um pássaro que pode voar.
(Uma mera ilustração a imagem)
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